Trecho do Livro:
Uma Transformação do Ser
O Que é Coaching Transformacional?
Transformação se tornou um termo popular nos círculos de negócios, liderança e coaching. Infelizmente, quando uma palavra é usada tão livremente, muitas vezes perdemos contato com seu verdadeiro significado e o usamos para descrever algo que ele não é. Isso pode acontecer quando as palavras “mudança” e “transformação” são usadas indistintamente. Fazemos mudanças o tempo todo em nossa aparência, como pensamos, sentimos e agimos. Se estabelecemos intencionalmente um curso de ação para aprender ou crescer — para nos comunicarmos melhor, para administrar nossas emoções com mais eficácia, para ser um amigo ou parceiro melhor — provavelmente crescemos e mudamos, mas será que necessariamente nos transformamos? Toda transformação é mudança, mas nem toda mudança é transformação. Como Alice disse em sua experiência no País das Maravilhas, “pelo menos eu sei quem eu era quando acordei esta manhã, mas eu acho que devo ter mudado várias vezes desde então”.
Essa confusão se encontra também no mundo do coaching, com alguns coaches chamando o que fazem de “coaching transformacional” quando é, muitas vezes por sua própria definição, outra coisa. Tome, por exemplo, esta definição que certo dia me deparei: “coaching transformacional envolve interações com um coach com o propósito de aumentar a eficácia, o desempenho, o desenvolvimento pessoal e o crescimento de um cliente de coaching.” Esta é uma descrição precisa de todo coaching; não há forma de coaching que não se esforce para aumentar a eficácia, desempenho, desenvolvimento ou crescimento de uma pessoa. Aqui está outra definição imprecisa de coaching transformacional: “a arte de ajudar as pessoas a melhorar sua eficácia de uma forma que eles se sintam ajudados.” Novamente, esta é uma descrição geral de todas as formas de coaching.
A transformação é, por definição, uma mudança dramática ou completa na forma ou no caráter —uma espécie de metamorfose. Embora mudemos o tempo todo, certamente não nos transformamos o tempo todo. O grande ciclo de vida e morte oferece a cada um de nós a maior experiência transformacional possível, mas na vida de uma pessoa a verdadeira transformação é uma ocorrência relativamente rara. Pare e pense um pouco sobre toda a extensão de sua vida e identifique quantas vezes você pode dizer que honestamente se ‘transformou’, que passou por um período de mudança completa ou dramática em sua forma ou caráter — uma metamorfose a nível externo ou interno. Meu palpite é que você pode contá-los nos dedos de uma mão. Esses são exemplos de “transformação humana” e é útil esclarecer o que queremos dizer com essa frase (entraremos nisso mais adiante no próximo capítulo) porque o significado influencia como definimos coaching transformacional.
Em termos simples, o coaching transformacional está focado em permitir a autorrealização. Muito mais do que “opções e estratégia de ação” para atingir objetivos, clareza ou para melhorar em algo, o coaching transformacional mergulha profundamente na psique de um indivíduo, focando em quem essa pessoa é e deseja se tornar. O coaching transformacional é, portanto, uma abordagem ontológica porque se trata de “ser” em vez de “fazer”.
Transacional e Transformacional
Esse entendimento destaca uma distinção fundamental entre as abordagens de coaching transacional e transformacional: cada uma tem uma premissa fundamental muito diferente. O coaching transacional se baseia na premissa de que uma pessoa descobrirá o que precisa e avançará de maneiras significativas com base em seu “Estado de Ser” atual. Em outras palavras, nada precisa ser explorado nem transformado no nível do “ser” para que os resultados desejados sejam alcançados. O coaching transformacional, por outro lado, baseia-se na premissa de que uma forma expandida ou transformada do seu “Estado de Ser”, que é seu estado de espírito mais profundo no momento presente, — e os pensamentos, percepções e energias de ordem superior disponíveis nele — é indispensável para descobrir o que é necessário.
A grande questão do coaching transformacional é, portanto, “Quem você escolhe Ser?” e o que torna o processo transformacional é aprender e fazer o que for preciso para crescer e se tornar a personificação definitiva desse “Estado de Ser” elevado.
As pessoas ainda trarão suas metas pessoais, objetivos e sonhos como tópicos nas conversas de coaching transformacional; no entanto, tanto o coach quanto o cliente estão cientes de que funcionam como um contexto para um mergulho mais profundo. A questão motriz permanece baseada na escolha do seu “Estado de Ser”: Quem eu preciso ser para que meus objetivos ou sonhos se tornem realidade? O processo de “tornar-se” é o caminho da transformação e o objetivo final é a personificação dos níveis de existência superiores.
Para facilitar este processo, um coach transformacional ajuda as pessoas a mergulharem abaixo da superfície e imergirem na auto-exploração, para examinar suas crenças mais profundas, imagens e interpretações sobre quem são e qual seu propósito e lugar neste mundo — todos esses fatores dão origem ao seu “Estado de Ser” existente, e examiná-los esclarece por que as pessoas vivenciam a vida da forma que fazem.
De um cliente de coaching é requerida a disposição de enfrentar medos e crenças sombrias profundas, a fim de se libertar dos padrões de pensamento e emoção que os mantiveram cativos por toda a vida. A mudança então acontece no núcleo central da mente, dentro do sistema operacional interno da pessoa, e quando a pessoa cresce significativamente nesse nível, ela cria o ímpeto para mudanças igualmente significativas em seus comportamentos, escolhas e emoções. Com o passar do tempo, ocorre uma transformação real, e os pensamentos, atitudes e ações necessários que funcionam para trazer à existência os objetivos previstos surgirão organicamente, como uma expressão da realização de sua natureza superior.
Os coaches transformacionais podem e farão coaching transacional às vezes. As conversas de coaching sempre têm o potencial de atravessar a amplitude do continuum de coaching; inevitavelmente, haverá momentos em que será desejável pensar ou agir de maneira mais transacional. No entanto, o papel do coach transformacional é manter o foco nos potenciais de crescimento do âmbito mais profundo e encorajar a exploração do ser como o precursor para a tomada de ação. O ser é fundamental para o fazer, e o fazer flui do ser.
A História de Sam
Um dos meus clientes, que chamarei de Sam, exemplifica muito bem o coaching no âmbito transformacional. Sam estava com quase 30 anos e construiu uma carreira de sucesso como consultor profissional. Quando ele veio até mim, ele havia recentemente se mudado para uma nova cidade e mudado de emprego, e agora estava trabalhando para uma das principais empresas de consultoria do mundo. Apesar de seu sucesso externo, Sam era altamente autocrítico e cobrava de si mesmo padrões de desempenho extremamente elevados, que ele raramente, pelo menos em sua mente, alcançava. Em sua nova posição, ele se viu lutando para se orientar, e sua autocrítica tinha se tornado tão forte que estava tendo um impacto negativo em toda a sua atitude perante a vida. Uma segunda questão que ele identificou no coaching estava relacionada à sua tendência para contemplar e pensar demais, o que afetava sua capacidade de tomar decisões em tempo hábil. Essa falta de decisão o confundia muito e estava causando danos à sua vida. “Fico cansado de não poder tomar decisões,” ele me disse, “todos ao meu redor parecem ter uma boa dose de clareza e tomam decisões cheias de confiança e lógica. Por que não sou como eles? Por que estou tão indeciso?” Seus objetivos no coaching eram deixar de ser tão autocrítico e desenvolver uma atitude muito mais positiva em relação à vida, e ser capaz de ser mais decisivo.
Como costuma ser em coaching, Sam geralmente chegava a uma sessão com um objetivo transacional: “Quero explorar como ser mais assertivo no trabalho, especialmente com meu chefe. Ele me esgota. Gostaria de ser capaz de enfrentá-lo e dizer o que realmente penso. Gostaria de explorar estratégias ou técnicas que permitam desenvolver minha confiança em sua presença e ser mais assertivo com ele.” Um coach transacional pegaria as palavras “estratégias ou técnicas”, as interpretaria literalmente e orientaria a sessão para esse resultado. Mesmo se a conversa fosse investigar a questão do porquê existe essa falta de confiança e quais as crenças profundas ou imagens enraizadas nisso; no fim das contas, um coach transacional ainda estaria fazendo coaching para soluções de problemas.
O que eu gostei de trabalhar com Sam foi sua natureza introspectiva natural. Em sua opinião, isso fazia parte do problema que tinha com indecisão; sua inclinação filosófica e necessidade de olhar as coisas por todos os ângulos significava que ele adorava analisar, mas raramente concluía. Do meu ponto de vista como coach, significava que ele estava sempre disposto a mergulhar mais fundo, a explorar as crenças fundamentais que deram origem às suas experiências diárias. Embora ele fosse cético, ele poderia realmente mudar, — anos vivendo com expectativas para sua vida que na verdade nunca foram suas, tinham, apesar de seus melhores esforços, impedido o fruto da mudança que ele tanto desejava — ele realmente queria. Na verdade, Sam não veio ao coaching buscando estratégias e soluções para um problema, embora seu intelecto entretivesse essa noção, mas para aprender como transformar fundamentalmente todo o seu senso de ser em um estado mais iluminado. As sessões, embora começassem com um objetivo transacional, rapidamente evoluíam para uma conversa mais profunda em torno de uma série de crenças limitantes que por muito tempo se mostraram resistentes à mudança, e que, contribuíam para a forma com que ele enxergava as coisas no seu dia a dia.
Conforme nossas conversas mudaram para o âmbito transformacional, o foco mudou naturalmente de resolução de questões específicas para a questão mais ampla de quem Sam desejava ser no mundo e verdades mais elevadas que ele agora estava escolhendo incorporar: “Eu sou bom o suficiente. Eu amo sem esperar nada em troca. Eu expresso quem eu realmente sou.” Quando você ouvir declarações como essas de seus clientes, saiba que você está firmado no terreno que constitui a base do coaching transformacional. A personificação desses ideais emergentes está, no entanto, longe de ser “fácil” e nunca tão linear quanto uma abordagem transacional poderia imaginar que fosse.
Um dos grandes desafios que os coaches enfrentam é o que fazer quando confrontados com uma crença fundamental limitante que está profundamente enraizada no sistema operacional interno de uma pessoa que habita cada célula e define quem ela é. Para Sam, um desses padrões de crença era: “Meu propósito é me sentir bem comigo e preciso trabalhar muito e atingir objetivos para me sentir desta forma. Eu também preciso ser bem visto pelas pessoas para que elas me validem e eu me sinta bem comigo mesmo.” Todos nós temos crenças como essas, no entanto, na maioria das vezes, prestamos pouca atenção a elas porque estão tão profundamente enraizadas na mente inconsciente que agimos por meio delas no piloto automático.
No entanto, no trabalho de transformação, essas crenças começam a subir à superfície de nossa mente consciente. Em última análise, elas devem ser atendidas de maneira significativa ou continuarão a representar uma barreira ao crescimento. No caso de Sam, desde a infância ele vinha tentando corresponder às altas expectativas das outras pessoas e era consistentemente informado de que não as estava atendendo. Como resultado, ele continuou a carregar consigo uma profunda sensação de inadequação que estava viva em cada célula, se escondia por trás de cada pensamento e resultava em todos os tipos de comportamento que o capacitariam a se sentir bem, incluindo a busca incessante pelo sucesso e realização.
Como coach, como você aborda isso? Como você encoraja uma pessoa a liberar crenças profundas e autoimagens limitantes que estão tão arraigadas que formam a própria estrutura da identidade dessa pessoa?
Isso Não é Algo Simples de Fazer
Não importa o que digam, isso não é algo simples de fazer. Clareza-estratégia-ação pode ajudar a criar uma consciência intelectual em torno da crença limitante e, na melhor das hipóteses, apontar para uma solução para ela, mas não facilitará a real liberação da crença. O coaching transacional atinge seu limite aqui, pois uma abordagem baseada no intelecto não é o veículo adequado para curar crenças limitantes mais profundas, que é o que significa liberar esses laços mentais e emocionais e viver na experiência de autorrealização. O que é necessário é uma transformação sustentável no nível do ser, o que requer uma abordagem transformacional.
A intenção do coaching transformacional é chegar à essência, ao cerne da questão, para explorar a base do ser. Este é um espaço de luz e sombra, de medo e alegria, de limitações e grandes possibilidades. Todas as abordagens de coaching promovem a autoconsciência, mas o coaching transformacional vai além disso — permite que as pessoas engajem as estruturas que estão por trás de seu senso de ser (quem elas acreditam que são) e, então, por meio de uma exploração do ser, assumir níveis de existência superiores (quem elas desejam ser).
O Que é Coaching Transformacional? Coaching Transformacional em Poucas Palavras
Foco: Ser Diferente
- Ser focado
- Mergulha abaixo da superfície
- Chega à essência
- Espaço de sombra e luz
- Ilumina o sistema operacional interno
Intenção: Explorar novos “Estados de Ser” e o que é necessário para incorporá-los.
Premissa: Um “Estado de Ser” expandido ou transformado gera os resultados e resoluções desejados.
Comments 12
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“In simple terms, transformational coaching is focused on enabling self-actualization.” Truly summed it up for me. I like the definition of transactional coaching as well. Great piece that brings much clarity.
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